quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Kultura da Cannabis versus a Cultura Civilizacional


Caríssimos apoiantes, simpatizantes, curiosos ou interessados no que se passa neste site e nos brindam com as vossas visitas e comentários.

O título que escolhi para esta crónica pretende ser tão chocante quanto a dicotomia aqui apresentada pois espelha a triste realidade dos jovens e menos jovens da Freguesia de Santo Ildefonso.

Os jovens são apelidados de “vândalos”, conforme já foi amplamente citado neste site nos últimos dias mas não são propostas soluções. NÃO HÁ UM CÊNTIMO DISPENSADO NO ORÇAMENTO PARA A CULTURA OU PARA ACTIVIDADES EXTRA-CURRICULARES DOS JOVENS DA FREGUESIA.

Para quem não sabe, e duvido que sejam poucos, a cultura do ócio é fomentada pela inactividade e pela falta de objectivos - um dos casos dá-se quando os nossos jovens se deparam com demasiado tempo livre. Já não podemos como nos anos 80, culpar as “más companhias” que levavam “filhos de boas famílias” em incursões pelo mundo das drogas (subentenda-se que a cannabis é apenas a ponta deste iceberg).

Neste momento, temos variadas peças de informação sobre o consumo das drogas e seus malefícios, clínicas de tratamento especializadas, casos de conhecidos nossos que viveram essas situações dramáticas. No entanto, uma das principais soluções é fácil de atingir – embora não sem custos – mas perfeitamente viável. Porque é que Santo Ildefonso não aposta na Cultura? Porque não criar protocolos com clubs para a prática de desporto ou com associações com vista a trabalho comunitário? Afinal as crianças não têm quem as leve à praia e só há uma pessoa no Centro de Dia para cuidar de 25 (vinte e cinco) idosos. Não estariam os nossos jovens melhor acompanhados se estivessem a par da realidade da Freguesia a que pertencem? Não baixaria o consumo de drogas – que com o encerramento da esquadra de Polícia ainda traz mais perigo para a Freguesia com aumento da criminalidade e dos furtos – se os jovens estivessem ocupados e se sentissem úteis e parte da sociedade a que pertencem?

O Coro de Idosos, já sobre ele falamos e vimos em que estado catatónico se encontra – uma mais-valia desperdiçada – jovens com muito tempo livre e dinheiro no bolso – falta de auto-estima por não se sentirem integrados – optam pelo caminho mais fácil. Tudo isto são “pontos negros” em Santo Ildefonso solucionáveis com pelo menos boa-vontade.

Pensem bem e digam-me, não seria mais fácil apostar em infra-estruturas culturais e ajudar a Freguesia a criar centros de ocupação de jovens de forma a mudarmos este panorama tão trágico?

Um professor de artes plásticas, um professor de teatro e um de educação física já fariam toda a diferença – claro que falamos de trabalho pro-bono mas pelo menos salvávamos uma geração que agora inicia o seu percurso. Se os ateliers tivessem que ser ministrados na garagem de alguém, dada a componente social não me parece que a ASAE se importasse.

Os nossos idosos são o espelho do que seremos daqui a uns anos e a nossa juventude o reflexo dos nossos sonhos. A Cultura é um meio de combater a Kultura e através da ocupação, ensinar e quem sabe descobrir talentos ocultos e melhor preparar esses jovens para a odisseia que é a vida adulta.

Vale a pena pensar nisto e lutar para que a situação mude enquanto ainda há tempo e os nossos idosos possam ter um fim de vida digno e os nossos jovens possam ter um futuro pois para os menos informados aqui fica uma verdade absoluta: A DROGA FERE QUEM A CONSOME E AQUELES QUE COM ELA LIDAM DIRECTA OU INDIRECTAMENTE. DEIXA MARCAS PARA A VIDA, DESTRÓI LARES! EM ÚLTIMA INSTÂNCIA MATA! PROVOCA DOENÇAS COMO A HEPATITE, SIDA E OUTRAS!

Vamos lutar para combater este flagelo social e prova do atraso da nossa civilização? Alguém sabe o gozo que dá ir ouvir uma ópera ou ver uma peça de teatro nem que seja amador? Alguém conhece o prazer de ouvir um recital ou uma banda de garagem?

Estamos a falar mais uma vez das vossas famílias, dos vossos filhos, sobrinhos, netos, amigos. Ao olharem por eles estão a olhar por vocês e a construir o futuro da Freguesia.

Deixo-vos por ora com mais este momento de reflexão.

Até breve,

Luísa Vaz

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