terça-feira, 4 de maio de 2010

O burgo de Santo Alifon


Santo Alifon é a grafia antiga de Santo Ildefonso.Por burgo de Santo Ildefonso devemos entender o local onde se ergue a actual igreja paroquial de Santo Ildefonso, incluindo as áreas da vizinhança, espaço que antigamente, também era conheciado pelo "arrabalde de Santo Ildefonso".

Em tempos remotos, no exacto local onde, no século 18, se construiu o templo actual, existiu uma pequena ermida dedicada a Santo Alifon, de cuja fundação nada se sabe , em concreto, mas que já existia, pelo menos, no século 12, pois há notícias de que teria sido consagrada pelo bispo D. Pedro Pitões que governou a diocese entre 1146 e 1152.

A capela, naqueles tempos antigos, ficava "... fora de portas junto ao lugar do Pinheiro, que antes se chamava sítio de João Ramalde, á entrada da antiga estrada que dava para Penafiel e Vila Real, da parte de fora da muralha Fernandina, sensivelmente em frente á porta de cima de vila, assim chamada por dar acesso directo á artéria com aquela designação, ainda existente.
Aquela velha estrada viria a transformar-se, no interior da cidade, na Rua de Santo Ildefonso dos nossos dias, já assim mencionada num documento de 1542 como uma estirada artéria que ia, e ainda vai, até Mija velhas, sítio que depois se denominou Poço das Patas e mais tarde Campo da Feira do Gado..." e que é actualmente o Campo 24 de Agosto.

A Rua de Santo Ildefonso teve ainda outras designações. Em 1362 chamava se Rua Direita de Santo Ildefonso. Em 1846 aparece com o nome de Rua de 23 Julho, em memória da renhida batalha que durante o cerco do Porto se travou naquele dia de 1832 na Ponte de Ferreira, em Valongo. Mais tarde voltou a ser somente, Rua de Santo Ildefonso. Ainda no tempo da ermida, da ermida, o espaço que lhe ficava na frente tinha a designação de Largo de Santo Ildefonso. Ainda era assim em 1839. Só depois desse ano é que o referido rossio foi integrado na Praça da Batalha.
Durante o cerco do Porto, quando a certa altura a cidade foi invadida por um devastador surto de peste, muitas famílias abandonaram as residências que possuíam nas ruas mais centrais do burgo e refugiaram - se no alto de Santo Ildefonso, por ser sítio arejado e todo dia batido pelo sol, sendo portanto mais saudável.

O padre Patrício, que escreveu bastante sobre o Porto, asseverava num dos seus escritos o alto da Santo Ildefonso era pela sua elevação acima do nível do mar, um dos retiros para onde os antigos habitantes do Porto iam a passeio pois ficava fora das muralhas e tinha a aformoseá - lo um souto de carvalhos...

Em 1727 um visitador foi inspeccionar a velha ermida e achou - a em ruínas. Para substituir a antiga ermida, que deve ter sido um belíssimo exemplar de arte românica, foi construído o actual templo. As obras começaram em 1727 mas só trinta anos depois a nova igreja, ainda incompleta, foi aberta ao culto. Quando no sec. 19, a Câmara do Porto, ordenou que os cruzeiros que havia espalhados por várias ruas da cidade fossem retirados dos locais onde se encontravam, uma boa parte deles foram recolhidos no adro da Igreja de Santo Ildefonso.Estas mudanças dos cruzeiros fizeram - se contra os protestos dos moradores dos locais onde eles se encontravam que os queriam junto de si com o argumento de que «os cruzeiros são nossos, são da povoação do povo...» Mas lá foram ficando no adro da igreja onde foram em, 1869, todos solenemente benzidos.

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