quarta-feira, 21 de abril de 2010

Freguesia muribunda


Prezados Fregueses,

Tenho andado atenta ao site e ultimamente deparo-me com artigos ligados à cultura – ou falta dela – e este último, ao comércio. Daí que tenha resolvido dar o meu contributo nesta matéria, mais uma das que considero ser vital para a vida de uma Freguesia que se quer dinâmica e moderna.

Quem já teve oportunidade de visitar cidades europeias – não só capitais – deparou-se nas suas caminhadas, sim porque é a pé que se conhecem as cidades, com várias manifestações culturais, tais como: feiras, vendas de artesanato, ou outras nas ruas das várias cidades.

Qualquer município que se preze, autoriza e apoia estas manifestações pois elas têm uma forte componente económica na vida das freguesias que constituem a cidade mas também componentes lúdicas e ocupacionais.

Senão vejamos, ao passear pelo Porto podemos, na zona da Praça Carlos Alberto ver um sem-número de lojas abertas, comércio de rua, jovens a passear. Isto transmite vida, dinâmica. A maioria dos portuenses deve, tal como eu, estar farto e cansado de grandes superfícies e ansioso para que o comércio volte às ruas da pólis.

Este facto a acontecer tem inúmeros benefícios como sejam, o regresso das pessoas à cidade – em vez de se deslocalizarem para perto dos tão famosos centros comerciais, mais pontos de economia nas freguesias, mais emprego (menos precário do que o praticado nas ditas mega superfícies, chegada de gente nova em busca do que a freguesia tem para oferecer, reabilitação de prédios antigos, tudo isto torna as freguesias e consequentemente a cidade mais apelativas.

Para os mais distraídos fica uma nota: o Porto está integrado nas rotas de turismo cultural do mundo inteiro. Desde os europeus a asiáticos ou americanos, muitos são os que no Verão ou assim que o tempo começa a aquecer procuram a nossa cidade.

E se há freguesias com muito para oferecer, outras há que não passam de freguesias fantasma onde o comércio é pouco ou nenhum e o que há fecha cedo não possuindo a freguesia nada para oferecer. Eu caracterizá-la-ia de amorfa.

Todos têm lugar em qualquer freguesia e todos merecem as melhores condições mas com exemplos tão próximos de sucesso não será caso para nos perguntarmos o porquê da insistência num modelo que não funciona?

Porque não tenta o Sr. Wilson Faria modificar a sua freguesia? Eu arriscar-me-ia a pensar que se ele governar uma população de idosos já sem grande capacidade de discussão e um grupo de jovens que ele próprio apelida de VÂNDALOS, dos quais não espera nada, não quererá isto dizer que esta é uma forma de pressão para não mudar o poder instituído?

Desde que tenham as condições mínimas os idosos já não se queixam muito, só querem “chegar ao fim da linha” tranquilos, os jovens mantidos na ignorância também não têm vontade de lutar por mais. Manter-se-à esta situação porque não é possível mudá-la ou porque pura e simplesmente não interessa aos governantes?

Meus senhores, uma freguesia com circulação de pessoas, mais lojas abertas, mais cultura e mais comércio leva, para além do que já foi dito, a uma freguesia mais segura e com mais intervenção. Será disso que o Sr. Wilson Faria tem medo? Que as pessoas comecem a questionar e exigir?
Os jovens do Porto e os que estão na cidade do Porto porque estudam ou por outra razão qualquer, AMAM a sua cidade e não se importam de nela se estabelecerem e montarem os seus negócios, os seus escritórios, as suas lojas, de tirar a cidade e as suas freguesias do marasmo a que foram votadas mas a população também tem que ser interventiva e exigente.

O investimento da Junta de Freguesia não é assim tão alto mas o retorno pode ser. Digam-me muito honestamente, não preferiam ir ao talho do Zé Manel ou ao mini-mercado da Tia Chica onde todos são conhecidos em vez de ter que ter carro para ir ao Plaza ou ao Dolce Vita ou ao Parque Nascente onde são mais um dos muitos que lá vão? Onde não têm um tratamento especial?

Não seria bonito saírem à rua e verem lojas de várias temáticas abertas e cheias de cor a encher as ruas de gente e de alegria em vez de estas estarem silenciosas e soturnas e até termos medo de sair?

Não seria melhor, agora que o calor começa a chegar, que tivessem lugar umas actividades nas ruas de Santo Ildefonso? Que as pessoas pudessem passear depois de jantar e ver as montras enquanto respiram ar puro em vez de irem para os Centros Comerciais gastar dinheiro em supérfluos e respirar aquele ar viciado em vez de andarem na rua? Essas lojas empregariam os vossos jovens, ocupá-los-iam, poderiam dar-lhes novas hipóteses de futuro, abririam novas portas ao desenvolvimento – a Freguesia cresceria em importância na cidade. Quando chegasse a época dos turistas, estes visitariam Santo Ildefonso e os seus monumentos e comprariam nas suas lojas, tirariam fotografias e mostrá-las-iam na sua terra natal.

Tudo isto pode acontecer se houver vontade, nem sequer é política, é humana. Respeito pelo mais básico dos direitos – qualidade de vida. Só não acontece, na minha óptica, porque Santo Ildefonso carece, neste momento, de alguém que ponha os interesses da Freguesia à frente dos seus caprichos pessoais e isso só acontece enquanto vocês deixarem, se subjugarem não lutarem pelo que é certo e justo.

Cabe-vos mudar o rumo das coisas. Eu só cá estou para vos dar uma nova perspectiva das coisas mas num instante vos nomeava dez cidades europeias por onde passei onde vos digo que a vida é diferente e para vocês também pode passar a ser.

Deixo-vos com mais este momento que espero sirva para ajudar a despertar consciências e mostrar-vos que vale a pena lutar.
Até breve.

Cordialmente,

Luísa Vaz

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