Uma freguesia entregue à exclusão social e aos comportamentos desviantes
Caros fregueses,
O assunto que hoje me traz perante vós é delicado e constrangedor e por isso merece todo o destaque e discussão.
Vou falar-vos dos vossos jovens e dos seus comportamentos desviantes causados muitas vezes pela falta de infra-estruturas sociais e familiares muito patentes na Freguesia de Santo Ildefonso.
Como devem ter consciência, a Freguesia de Santo Ildefonso é muito castigada pelo fenómeno da Prostituição quer feminina quer masculina e isso como sabemos acarreta outras ilegalidades como sejam o tráfico e consumo de drogas. Para além deste flagelo, a população com medo do mau ambiente gerado por estas situações e eventual violência acaba por se fechar em casa a partir das 22 horas não usufruindo por isso de um passeio depois de jantar ou de um café o que para além de minar a sua qualidade de vida, impede a proliferação do comércio e de actividades nocturnas de lazer ou até o estabelecimento de lojas na Freguesia o que traria mais-valias a todos os níveis.
Estas situações são causadas por vários vectores qualquer um deles mais preocupante que o anterior: seja pelo alto desemprego, por famílias monoparentais ou disfuncionais, o que é facto é que podemos assistir ao abandono escolar precoce, a jovens sem perspectivas de futuro e cuja dependência da droga e a vida decadente na Prostituição, são o único futuro próximo que se lhes adivinha até porque, essa vida vai levar a que muito provavelmente padeçam de doenças como o HIV-SIDA, Hepatites de grau mais ou menos elevado para já não falar em outras DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) cuja cura (quando possível) ficará a cargo de todos nós.
Mais uma vez vos lanço a pergunta: Estou a falar dos vossos filhos, sobrinhos ou netos? Se não estão englobados (para já) neste grupo, poderão vir a estar de hoje para amanhã?
O Big Ben, é como sabem, uma casa sobejamente conhecida por todos os fregueses de Santo Ildefonso, e eu pessoalmente sou da opinião de que devem existir casas de restauração abertas durante a noite, seja para quem sai do trabalho a horas tardias, seja para quem vai beber um copo à noite e gosta de comer qualquer coisa fora de horas antes de ir para casa. Mas perdoem-me até os donos do dito estabelecimento…o ambiente é medonho…
É claro que, há outro factor que contribuí para a proliferação destes fenómenos: a ausência de policiamento capaz de estancar esta hemorragia social. Nós não podemos dizer a nenhum pai nem a nenhuma mãe como educar os seus filhos, ou qual o nível mínimo de atenção exigido pelas suas crias para não caírem nestas falácias, nem arranjar emprego para todos para que as pessoas não se sintam diminuídas ao ponto de procurem refúgio e alento ou companhia no submundo mas podemos alertar consciências e propor soluções, isso temos, como adultos atentos e exigentes obrigação de fazer.
A solução que eu vejo como mais viável é a inserção desses grupos de jovens em ambientes saudáveis de desporto e actividades culturais. A proliferação da Prostituição Masculina e Feminina, acontece não só porque não é vista como CRIME aos olhos da lei mas apenas como delito mas também porque o mais que pode acontecer aos “clientes” é passarem a vergonha de terem que se identificar na esquadra mais próxima e se os Prostitutos ou Prostitutas forem menores de idade nem por isso passam. Levam uma reprimenda e são recolocados na rua, ou seja, são desculpabilizados aos olhos da sociedade e entram nas redes da noite. Eu não quero acreditar que alguém escolha esta linha de vida por gosto mas sim por falta de opção. Ora para que as haja, muito tem que mudar a começar pelas mentalidades. Eu sou a favor da legalização da Prostituição. Vantagens? Muitas a começar pelo facto de em vez de deambularem livremente pelas ruas quer Prostitutos quer Prostitutas como os seus Chulos e com eles os Traficantes de Droga, estariam confinados a uma zona da cidade, estariam sujeitos a Inspecções periódicas por parte das autoridades sanitárias e tanto clientes como “prestadores de serviços” teriam que pagar impostos que o Estado agradeceria e os recibos fruto desta actividade entraria nos IRS dos profissionais e das famílias e todos assumiriam as suas escolhas. Assim, a mais antiga profissão do mundo não andaria escondida aos olhos de todos mas seria legalizada e como tal se calhar deixaria de ser “o fruto proibido que é sempre o mais apetecido”, a procura baixaria e o negócio paralelo deixaria de existir ou diminuiria drasticamente, bem como a pedofilia e os abusos sexuais. Lembrem-se que assim, baixariam os números do tráfico humano e do consumo de drogas, e a decadência de quem vive nesta vida, estamos a falar de seres humanos e não podemos esquecer-nos disso em circunstância nenhuma, A forma como foram inseridos “na vida” é que depende das vivências de cada um. Claro que isto não é algo que se faz da noite para o dia mas com intervenção social de qualidade, acções de formação para os pais para que ganhem noção de que o “dinheiro fácil” ganho pelos filhos pode ser o seu bilhete para o IPO ou pior, incentivos à permanência na escola e ocupação de tempos livres para que descubram em si capacidades e gostos até aqui desconhecidos, podem ser grandes passos no controlo deste flagelo social. Uma população activa e interessada na mudança, alteração de mentalidades, abertura da Freguesia a novas formas de negócios lícitos e aumento do patrulhamento seriam sem dúvida formas de driblar este fenómeno.
Mais uma vez vos digo que hoje podem não ser mas amanhã podem ser os vossos filhos, sobrinhos ou netos a ser incorporados nestas redes. Não deixem que tal aconteça. Os nossos jovens de hoje são os adultos de amanhã se lá chegarem pois uma adolescência de abusos e drogas não lhes dará uma esperança de vida muito longa.
Deixo-vos mais uma vez com mais este momento de reflexão sobre um tema tão grave e importante que dilacera a nossa sociedade.
Até breve.
Cordialmente,
Luísa Vaz
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